"Há pânico no Partido Democrático". Partido de Biden preocupado pelo desempenho em debate com Trump

por RTP
Na última noite o presidente mostrou vacilar frente ao rival, murmurando algumas das suas falas. Foto: Brian Snyder - Reuters

O primeiro debate presidencial entre Joe Biden e Donald Trump para as eleições de novembro está a ser considerado desastroso para ambas as partes. Enquanto muitos já esperavam um mau desempenho do republicano, havia expectativa quando à prestação do atual presidente. Agora, o Partido Democrático está preocupado e fala-se mesmo em "pânico" entre os seus membros.

"O mais importante nestas eleições é a preocupação dos eleitores - tanto dos eleitores indecisos como dos eleitores de base - com a idade [de Joe Biden], e essa preocupação foi agravada esta noite", afirmou David Plouffe, estratega democrata e antigo responsável pela campanha de Barack Obama.

A vice-presidente, Kamala Harris, surgiu após o debate nas estações CNN e MSNBC para reiterar as razões pelas quais os eleitores devem ficar do lado de Biden, mas até ela reconheceu o seu fraco desempenho. "Foi um início lento, não há dúvida, mas achei que foi um final forte", declarou.

Já Maria Shriver, ex-primeira-dama da Califórnia, veio dizer que adora Biden e que sabe que ele é um bom homem, mas que a noite foi "de partir o coração em muitos aspetos".

"Este é um grande momento político. Há pânico no Partido Democrata. Vai ser uma longa noite", acrescentou.

Também o veterano democrata David Axelrod salientou que o objetivo de Biden era aparecer energético e capaz de servir mais quatro anos. "Conseguiu pontos em questões de política como aborto e economia, mas há um sentimento de choque com a forma como ele apareceu no início", apontou. "Parecia desorientado".

A ex-senadora do Missouri, Claire McCaskill, disse por sua vez que Biden tinha uma missão e não a cumpriu: precisava de "tranquilizar a América de que estava à altura do cargo na sua idade, e falhou".
"Eu sei o que senti esta noite: foi como um murro no estômago", afirmou McCaskill.
Nicholas Kristof, colunista político de esquerda, disse nas redes sociais que espera que Biden reflita sobre o debate e decida retirar-se da corrida, sugerindo para o seu lugar alguém como a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, o senador de Ohio, Sherrod Brown, ou a secretária de Comércio, Gina Raimondo.

Na estação MSNBC, a jornalista Joy Reid disse ser “muito improvável” que alguém substitua Biden como candidato nesta fase, mas acrescentou que a atmosfera entre os democratas estava "a aproximar-se do pânico".

Anteriormente ao debate, Biden tinha feito um forte discurso sobre o Estado da União no qual se mostrou incisivo e enérgico, pelo que se pensou que o frente-a-frente de quinta-feira poderia aumentar os seus índices de aprovação numa altura em que está atrás de Trump nas sondagens.

No entanto, na última noite o presidente mostrou vacilar frente ao rival, murmurando algumas das suas falas, tornando-se difícil compreendê-las.

Donald Trump não teve, ainda assim, um desempenho melhor, estando a ser acusado de mentir por diversas vezes durante o debate. Analistas políticos consideram que a sua prestação foi um bom lembrete do que poderia ser uma nova presidência do republicano.
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